«Isto chamam amor louco, eu por ti e tu por outro» – eis um dos pontos de partida para a ópera Jenůfa, do compositor checo Leoš Janáček (1854-1928): o amor louco de Jenůfa pelo seu namorado, o jovem Stewa de quem está secretamente grávida, e o do meio-irmão de Stewa, Laca, que ama Jenůfa. A trama desenrola-se numa pequena aldeia e gira em torno de conflitos familiares que se vão adensando, até a tragédia bater à porta, numa infernal sucessão de acontecimentos.

Jenůfa e Laca atravessam uma pungente evolução existencial, e o seu casamento encerra a ópera.

Igualmente responsável pelo libreto, baseado numa peça de teatro de Gabriela Preissová, Janáček compôs uma música poderosa e carregada de emoção – mas demorou uma década até alcançar o que pretendia. A linguagem musical vai beber à música tradicional da Morávia, região onde decorre a ópera.

Pequenas rivalidades e antipatias fizeram com que apenas fosse apresentada em Praga em 1916, alcançando fama quase imediata e estabelecendo Janáček como figura de proa da ópera checa, com representações em mais de 60 teatros fora do seu país durante a vida do compositor.