A abrir a temporada 2025-2026, o Teatro Nacional de São Carlos apresenta Carmina Burana, a monumental e mais célebre obra do compositor alemão Carl Orff (1895–1982).
Composta entre 1935 e 1936, em pleno Terceiro Reich, esta cantata alcançou um sucesso imediato desde a sua estreia absoluta na Ópera de Frankfurt, em 1937, apesar das reservas da crítica oficial. Orff integrou o grupo de compositores que, defendendo a separação entre arte e política, permaneceram ativos na Alemanha durante o domínio nazi.
Carmina Burana tem por base um conjunto de poemas medievais redigidos em latim e em variantes antigas de alemão e francês. De tom frequentemente irreverente, os textos exploram temáticas profanas – da sátira social ao erotismo – celebrando os muitos prazeres da vida.

Parte do fascínio duradouro desta obra reside na forma como Orff conjuga referências à música antiga com técnicas de composição modernas, alcançando um equilíbrio singular entre tradição e inovação.

A estrutura da cantata assenta numa sucessão de canções, algumas de estilo folk ou evocativas do canto gregoriano, que exploram ao máximo os recursos expressivos de uma grande orquestra e de um coro sinfónico, exigindo ainda notável versatilidade de três cantores solistas.

Grandiosa, cheia de ritmo e de uma clareza e mundanidade contagiantes, Carmina Burana é a porta de entrada ideal para a nova temporada do Teatro Nacional de São Carlos – uma obra que, através da música, continua a estabelecer uma poderosa ponte entre o passado imemorial e a sensibilidade contemporânea.