Fausto, obra-prima de Goethe, exerceu um impacto profundo na cultura europeia, inspirando várias gerações de músicos, poetas e pensadores. Símbolo da modernidade oitocentista, Fausto encena a busca incessante pelo conhecimento e experimentação do mundo, o confronto entre o bem e o mal e a possibilidade de redenção pela transcendência.

Este concerto de câmara percorre o enredo essencial do poema trágico, através de uma sucessão de peças vocais que evocam as suas personagens e episódios centrais. Do «Prólogo no Céu», onde Mefistófeles aposta com Deus o destino da alma de Fausto, até ao «Chorus Mysticus» que encerra a segunda parte com a promessa de redenção, o programa traduz musicalmente a intensidade dramática e filosófica desta narrativa. As cenas da taberna, o pacto com o demónio, as reflexões de Fausto e a pureza atormentada de Margarida encontram expressão nos universos líricos de compositores como Schubert, Beethoven, Verdi, Schumann, Loewe, Spohr, Busoni, Lassen, Zelter e Bettina von Arnim.

A diversidade de estilos – do romantismo alemão ao lirismo italiano, do nacionalismo nascente ao simbolismo tardio – testemunha a universalidade da inspiração faustiana e a sua persistência como mito fundador da modernidade.

Interpretado pelas vozes de Carolina Raposo, Raquel Alão, Ana Ferro e João Rodrigues, com João Paulo Santos ao piano, este concerto insere-se no ciclo Jardim Aberto, um encontro que reúne o Teatro Nacional de São Carlos e o São Luiz numa celebração do mito faustiano.